sábado, 15 de maio de 2021

A Síndrome de Adão e Eva: A Arte de Transferir Culpa

“E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isso? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.”  

- Gênesis‬ ‭3:9-13‬ ‭ ‬‬‬‬


Entre planejar e executar existe um universo muito maior do que imaginamos. Nem sempre o que nossos olhos veem é, de fato, aquilo que julgamos ser. A percepção é falha, e, mais do que isso, muitas vezes é moldada por algo que carregamos há gerações: o velho hábito de transferir responsabilidades.


A humanidade, de certo modo, vive prisioneira de uma síndrome ancestral — a Síndrome de Adão e Eva.

Diante do erro, o caminho mais fácil nunca foi o arrependimento, mas sim apontar o dedo. Assim foi no princípio, assim ainda é hoje.


Eva não reconheceu sua escolha. Preferiu responsabilizar a serpente:

“A serpente me enganou, e eu comi.”

A culpa é do outro.


Adão, por sua vez, foi além: não culpou apenas Eva, culpou o próprio Deus:

“Foi a mulher que Tu me deste.”

A culpa, portanto, é de quem me deu a oportunidade.


E, assim, desde o Éden, seguimos repetindo esse roteiro:

Se algo não dá certo, se tropeçamos, se erramos — a culpa nunca é nossa.

É do governo.

É do chefe.

É da sociedade.

É da família.

É do destino.

É até de Deus.


Nos recusamos, sistematicamente, a assumir que somos, sim, coautores da nossa própria história — inclusive das páginas mais difíceis.


Essa transferência de responsabilidade se tornou um traço do nosso inconsciente coletivo. Está no trânsito, no trabalho, nas famílias, na política, nas relações, nas redes sociais e, sobretudo, na nossa incapacidade de olhar pra dentro e reconhecer:

“Fui eu. Eu escolhi. Eu errei. E eu posso fazer diferente.”


Enquanto cultivarmos essa síndrome, nada muda.

O problema estará sempre no outro, jamais em mim.

E, se não há problema em mim, não há motivo pra mudança.

O mundo continuará exatamente como está.


Por isso, te convido a refletir:

Será mesmo que tudo o que dá errado é culpa dos outros?

Será que não está na hora de pararmos de “empurrar com a barriga”

e começarmos, de fato, a assumir as rédeas da nossa vida?


Se queremos um mundo diferente, a mudança precisa começar no único lugar onde temos real controle: dentro de nós mesmos.


✨PENSE: “Tudo o que existe de mal e desordem, os outros são os culpados?”


✨REFLITA: “Quem sabe o que é correto age corretamente (...) O verdadeiro conhecimento leva a agir corretamente.” - O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder

#averdadeprecisaserdita