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Às vezes, nas coisas mais simples, encontramos uma imensidão que nos passa despercebida. Olhamos para o cotidiano e esquecemos de observar o que ele tem de extraordinário, como uma tela em branco à espera de cores vibrantes. O simples é como uma folha ao vento, que não se apressa, mas percorre o caminho que lhe é dado com calma e graça. Talvez seja essa a verdadeira arte da vida: viver o simples e perceber sua profundidade.
O simples não exige de nós uma complexidade que nos sobrecarregue, mas, ao contrário, traz consigo a beleza da leveza. Um sorriso, por exemplo, é algo simples, mas que pode mudar o curso de um dia, transformar uma tristeza em alívio. Ou uma palavra dita com carinho, um gesto de compaixão. Tudo isso é simples, mas é capaz de tocar o coração de quem recebe. O que nos torna humanos é a capacidade de entender que o simples tem um poder incomensurável, que ele pode salvar, acalmar, transformar.
A natureza, com sua perfeição que parece um tanto irrepreensível, é um grande exemplo disso. Uma flor que desabrocha no campo, uma gota de chuva que cai suavemente, o som das ondas quebrando na praia — tudo isso é simples. Mas, ao contemplarmos, podemos sentir que ali reside algo imenso, algo que transcende nossa compreensão limitada. O simples, por mais que o busquemos em sua forma mais pura, sempre guarda uma profundidade que nos toca, que nos chama para refletir sobre nossa própria vida, sobre como fazemos do nosso simples cotidiano uma experiência de plenitude.
Talvez, no fundo, o simples seja o mais grandioso que podemos alcançar. Não precisamos buscar grandes feitos ou realizações para sentir que estamos completos. Às vezes, tudo o que precisamos é estar presentes no momento, observar o que já está à nossa volta, e, com olhos atentos, perceber a grandiosidade da simplicidade.
A vida, quando vivida com consciência, é um poema de momentos simples que se entrelaçam para formar a mais bela das histórias. E assim, o simples pode, sim, ser simplesmente imenso. Porque, no fim das contas, o que realmente importa não são as complexidades que criamos, mas os pequenos gestos que nos fazem sentir vivos e conectados uns aos outros e ao mundo que nos cerca.