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domingo, 7 de dezembro de 2025

😢A Saudade sempre vem!

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Ninguém nos avisou que a saudade era o preço a pagar pelos bons momentos.

Mario Benedetti tinha razão — embora, no fundo, talvez a gente sempre soubesse. Só não queria admitir.

 

A saudade é esse cobrador silencioso que bate à porta quando menos esperamos. Não pede licença; entra, senta no sofá, abre as lembranças como quem folheia um álbum antigo. E nós, indefesos, ficamos ali, assistindo ao desfile de tudo o que foi intenso demais para ser esquecido.

 

O curioso é que ninguém sonha com a saudade quando vive o instante. No momento do riso, do abraço, da conversa que parece suspender o tempo, ninguém pensa no depois. O coração apenas pulsa — forte, urgente, inteiro. A gente se permite ser feliz como quem bebe água fresca num dia de calor. Só depois descobre que havia um preço embutido, mesmo que nunca estivesse escrito em lugar algum.

 

E que preço alto.

 

Há saudades que doem como um arranhão recém-feito. Outras latejam como uma ferida antiga que insiste em não fechar. Algumas são ternas, outras agridoce, e há aquelas que se tornam um quarto onde voltamos sempre que queremos lembrar quem fomos e quem amamos.

 

Mas se a saudade dói, ela também testemunha. Testemunha que vivemos. Que arriscamos. Que abrimos o peito sem medo de nos perder um pouco no caminho. Testemunha que, em algum lugar da vida, houve calor, houve companhia, houve amor.

 

E que privilégio é ter histórias que merecem ser lembradas.

 

A verdade — e talvez Benedetti também soubesse disso — é que a saudade só existe porque os bons momentos existiram primeiro. Ela é o avesso da alegria, o eco dos dias que nos construíram. E, por mais que aperte, por mais que nos faça suspirar de um jeito meio triste, ela também é uma forma de gratidão.

 

Um jeito silencioso de dizer: “valeu a pena”.

 

Então, quando a saudade vier — e ela sempre vem — deixe que se sente ao seu lado. Ofereça a ela um pouco de calma, talvez um café. E enquanto ela conta, com sua voz mansa, tudo o que você viveu, lembre-se de que nenhum bom momento é vivido de graça.

 

A vida cobra — mas, convenhamos, às vezes vale cada centavo.

 


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