nesta conversa com você. ”
Esse trecho de Luiz Felipe Pondé é um verdadeiro convite ao despertar da consciência, ainda que isso não nos leve, necessariamente, a um estado de felicidade — e, talvez, nem de conforto.
Ele quebra a ilusão moderna de que filosofar é um caminho para a paz ou para fórmulas prontas de felicidade. Filosofar, na visão dele, é acordar do sonambulismo social, romper com as mentiras bem embaladas que nos vendem todos os dias: felicidade instantânea, sucesso garantido, vida plena e sem dor.
Quando ele diz: “Quem tem medo de sofrer é incapaz de desejar.” nos provoca a refletir sobre o quanto evitamos viver plenamente, apenas por medo de nos frustrarmos. O desejo carrega, em sua essência, o risco. Desejar é assumir que podemos falhar, perder, sofrer. Mas é também o que nos faz vivos.
A crítica à obsessão pela felicidade é certeira e desconcertante. Na tentativa frenética de sermos felizes o tempo todo, nos tornamos chatos, ansiosos, vazios e incapazes de lidar com a vida como ela é: cheia de altos e baixos, de grandezas e banalidades.
Pondé também nos lembra que querer ser relevante o tempo inteiro é sinal de doença, não de virtude. Há beleza na trivialidade, no comum, no rotineiro. Viver não é só sobre grandes feitos; é sobre lavar a louça, tomar café, conversar fiado, errar, se reconciliar, tropeçar e continuar.
E, talvez, a parte mais provocadora seja quando ele diz que o cotidiano, no futuro, tende a ser mais pobre, entediante e previsível. Uma crítica velada à vida automatizada, digital, excessivamente controlada por algoritmos, onde até nossos desejos são induzidos e roteirizados.
No fundo, Pondé nos convida a fazer as pazes com a imperfeição da vida. Viver sem fórmulas, sem a ditadura da felicidade, sem a necessidade de ser extraordinário o tempo todo. Viver, simplesmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário