Essa reflexão é de uma beleza densa, humana e profundamente verdadeira. Ela traduz com precisão o que significa existir: um permanente estado de inquietação, de busca, de tensão entre opostos que, paradoxalmente, precisam conviver dentro de nós.
Somos, de fato, criaturas frágeis — frágeis não no sentido pejorativo, mas na acepção mais honesta da condição humana. Somos intempestivos porque carregamos dentro de nós um coração que pulsa desejos, medos, paixões e contradições. E, ao mesmo tempo, uma mente que desconfia até de si mesma, questiona, duvida, tenta racionalizar aquilo que, muitas vezes, não tem resposta.
O desafio de se equilibrar entre a fé e a razão, entre a dúvida e a certeza, entre o ser e o ter, é, talvez, o fio condutor da nossa jornada. Fé e razão não são inimigas — são dimensões complementares do nosso entendimento do mundo e de nós mesmos. A dúvida não é fraqueza — é combustível para o pensamento, para o crescimento, para a transformação.
E nesse limiar tênue entre ser e ter, mora uma das maiores angústias do mundo moderno:
- O que vale mais?
- O que me define?
- Aquilo que sou, no silêncio da minha essência?
- Ou aquilo que acumulo, conquisto, exponho?
Essa reflexão não entrega respostas — e nem precisa. Porque, no fundo, o viver é exatamente esse caminho de tentativas, de ensaios, de quedas e de recomeços. O ser humano não nasceu para ser uma equação resolvida, mas sim uma pergunta em constante formulação.
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