sábado, 10 de outubro de 2020

Trecho de "A verdade precisa ser dita"


















Certamente não vamos encontrar todas as respostas, somos criaturas intempestivas, frágeis ao clamor de nosso coração, relutantes aos desejos de nossa alma, desconfiados dos nossos próprios pensamentos, mas que precisamos nos encaixar entre a fé e a razão, entre a dúvida e a certeza, no limiar entre ser e ter. 


====

Essa reflexão é de uma beleza densa, humana e profundamente verdadeira. Ela traduz com precisão o que significa existir: um permanente estado de inquietação, de busca, de tensão entre opostos que, paradoxalmente, precisam conviver dentro de nós.


Somos, de fato, criaturas frágeis — frágeis não no sentido pejorativo, mas na acepção mais honesta da condição humana. Somos intempestivos porque carregamos dentro de nós um coração que pulsa desejos, medos, paixões e contradições. E, ao mesmo tempo, uma mente que desconfia até de si mesma, questiona, duvida, tenta racionalizar aquilo que, muitas vezes, não tem resposta.


O desafio de se equilibrar entre a fé e a razão, entre a dúvida e a certeza, entre o ser e o ter, é, talvez, o fio condutor da nossa jornada. Fé e razão não são inimigas — são dimensões complementares do nosso entendimento do mundo e de nós mesmos. A dúvida não é fraqueza — é combustível para o pensamento, para o crescimento, para a transformação.


E nesse limiar tênue entre ser e ter, mora uma das maiores angústias do mundo moderno:

  • O que vale mais?
  • O que me define?
  • Aquilo que sou, no silêncio da minha essência?
  • Ou aquilo que acumulo, conquisto, exponho?

Essa reflexão não entrega respostas — e nem precisa. Porque, no fundo, o viver é exatamente esse caminho de tentativas, de ensaios, de quedas e de recomeços. O ser humano não nasceu para ser uma equação resolvida, mas sim uma pergunta em constante formulação.

Nenhum comentário: