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Há coisas que palavras não alcançam. Há dores que o silêncio não explica, medos que o tempo não cura e tempestades internas que nenhum argumento consegue acalmar. Mas, às vezes, basta um abraço. Simples, silencioso, inteiro.
O abraço é essa pausa no mundo. Um lugar sem perguntas nem respostas, onde o corpo repousa e a alma respira. Quando os dias apertam, quando a cabeça gira em torno de mil pensamentos que não se organizam, quando o peito está cheio de tudo — ou de nada —, um abraço pode ser a âncora que impede o naufrágio.
Tem algo de cura no contato de um abraço sincero. É como se dissesse, sem dizer: “Estou aqui. Você não está sozinho.” E talvez seja exatamente isso que a gente precisa, mais do que conselhos ou soluções: a sensação de que, em meio à confusão da vida, existe um colo onde tudo se aquieta.
Há quem subestime a força de um gesto tão simples. Mas quem já chorou no ombro de alguém que ama sabe que um abraço pode conter o mundo inteiro. Porque ali, naquele instante, a dor não desaparece, mas se transforma. O que antes era insuportável, passa a ser apenas um peso dividido — e tudo o que é compartilhado, dói menos.
Nem todo abraço é igual. Há os longos, que curam. Os curtos, que aliviam. Os inesperados, que salvam. E há aqueles que a gente guarda na memória como abrigo, porque não há vento forte que os leve embora. São abraços que moram na gente, mesmo quando os braços já não estão por perto.
No fim das contas, viver é também saber abraçar — e deixar-se ser abraçado. Porque, como disse Martha Medeiros, “tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.” E talvez esse seja o milagre mais bonito da humanidade: a capacidade de consolar apenas por existir, por estar junto, por se fazer presença.
Então, se hoje a vida parecer dura demais, não diga nada. Apenas abrace. Ou permita-se ser abraçado. Às vezes, é tudo o que a gente precisa para continuar.
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