Há uma fresta, uma fresta em cada coisa, é assim que a luz entra. — LEONARD COHEN, “ANTHEM”
Quando a Luz Parece Distante.
Ninguém escolhe a dor. Ninguém acorda pela manhã desejando atravessar um deserto de incertezas, noites longas e silêncios pesados. E, no entanto, vez ou outra, lá estamos nós: sentados no meio do escuro, tentando entender onde foi que a vida se desfez dos nossos planos.
É curioso como, nesses momentos, tudo parece mais distante — sobretudo a esperança. A tal luz no fim do túnel vira quase uma lenda, um sussurro que a gente tenta acreditar, mas que insiste em parecer inalcançável.
O tempo dentro da dor é diferente. Ele se arrasta. Faz parecer que nunca vai passar. Mas, se olharmos com mais cuidado, existe algo sutil acontecendo no silêncio das quedas: estamos crescendo. Mesmo sem perceber, nossos passos estão se tornando mais firmes, nossos olhos mais atentos, e nossa alma, por mais que doa, vai se tornando mais resistente.
A vida tem dessas ironias: são, muitas vezes, os períodos mais difíceis que esculpem as partes mais bonitas de quem somos. E, quando finalmente o túnel acaba — e ele sempre acaba —, olhamos para trás e, por um segundo, sentimos até gratidão. Não pela dor em si, mas por tudo que ela nos ensinou.
A luz, na verdade, nunca esteve tão longe assim. Ela apenas esperava que a gente aprendesse a andar na escuridão. Porque quem aprende a caminhar no escuro, nunca mais se perde — nem de si, nem da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário