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A vida, essa senhora de passos largos e mistérios guardados, nunca nos entrega um mapa completo. Ela nos dá pistas, sussurra possibilidades, mas jamais garante o destino. E talvez seja justamente aí que reside sua beleza: viver é mais sobre esperanças do que certezas.
Desde cedo aprendemos a buscar garantias. Queremos saber se vai dar certo, se vamos ser felizes, se aquele amor vai durar, se o emprego dos sonhos vai aparecer. Mas a verdade é que a vida não tem contrato com cláusulas fixas. Ela é feita de tentativas, de apostas, de fé no que ainda não se vê.
A esperança é o que nos move quando tudo parece incerto. É ela que nos faz levantar da cama mesmo quando o mundo pesa. É ela que nos faz plantar uma árvore sem saber se estaremos aqui para ver seus frutos. Esperança é o nome que damos ao ato de confiar no invisível, de acreditar que o amanhã pode ser melhor — mesmo que o hoje esteja nublado.
As certezas, por outro lado, são confortáveis. Elas nos dão chão, nos acalmam. Mas são raras. E, quando aparecem, muitas vezes são passageiras. Porque o mundo muda, as pessoas mudam, e nós também mudamos. O que hoje parece seguro, amanhã pode se desfazer como areia entre os dedos.
Talvez viver bem seja aceitar essa dança entre o incerto e o possível. É aprender a caminhar mesmo sem saber o caminho todo. É fazer planos, sim, mas com a leveza de quem sabe que tudo pode mudar. É se permitir sonhar, mesmo que o sonho pareça distante.
No fim das contas, viver é como navegar: não temos controle sobre os ventos, mas podemos ajustar as velas. E enquanto houver esperança soprando dentro do peito, sempre haverá direção.
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