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sábado, 6 de setembro de 2025

🚌Pela Janela do Último Assento

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Pela janela do ônibus, lá no canto, na última poltrona, eu assistia à vida passar. Era uma viagem de ida e volta, três horas se somadas juntas, mas o tempo parecia se esticar no pensamento. Cada rosto que cruzava a rua, cada carro apressado, cada paisagem que ficava para trás virava um fio de história na minha cabeça.

O pensamento ia longe. Inventava mundos para quem eu via, imaginava destinos, rotinas, segredos. Às vezes me perguntava: será que volto a ver aquele personagem um dia? Provavelmente não. A vida é assim — um desfile de presenças que se tocam por um segundo e depois somem no horizonte.

Enquanto isso, eu ia refletindo. Sobre orgulho, inveja, arrogância. Pequenas armaduras que vestimos como se a vida fosse eterna. Mas basta lembrar da finitude para tudo isso se dissolver. Não há exceção. Todos nós seguimos para o mesmo fim, sem privilégios, sem sobras de tempo.

A vida passa na velocidade de um trem-bala. Pisquei, e lá se foi mais um momento. E eu aqui, na última poltrona, tentando segurar com os olhos aquilo que nunca mais volta.


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