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Do canto da última poltrona, a janela se torna um quadro em movimento. As cenas passam depressa, como se tivessem pressa de não serem lembradas. Pessoas, carros, ruas — tudo corre para algum lugar, e eu, parado, observo.
É curioso como a mente não sabe ficar quieta. Cada rosto desconhecido acende perguntas: para onde vai? Do que foge? O que espera encontrar? Talvez nunca mais veja nenhuma daquelas pessoas, e isso me faz pensar na estranha brevidade de tudo. Somos encontros casuais em um universo apressado.
Entre uma paisagem e outra, penso nos sentimentos que insistimos em carregar: orgulho, inveja, arrogância. De que valem quando lembramos que a vida não negocia? Somos todos passageiros — uns descem antes, outros depois, mas o destino é o mesmo.
A vida corre como um trem-bala, sem estação de retorno. Um piscar de olhos e pronto: acabou o instante, acabou a chance, acabou a cena. E nós seguimos fingindo que temos tempo.
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