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Última poltrona. A janela é meu cinema mudo.
As imagens correm sem pedir pausa:
Um vendedor equilibra sonhos no carrinho.
Um casal discute no sinal.
Uma criança sorri para nada e para tudo.
Eu observo e penso:
Quantas vidas cabem no intervalo entre dois semáforos?
Quem são eles quando a rua se apaga?
Quem sou eu quando ninguém me vê?
A vida não explica. Ela passa.
Como um trem que não conhece curvas,
que não espera atrasados.
Piscar é perder.
Segurar é impossível.
Tudo corre — nós, junto.
E a morte? Ela sorri sem pressa,
porque sabe que o tempo corre para ela.
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