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sábado, 11 de outubro de 2025

👥Duas metades da mesma travessia

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Não é possível ir e ficar ao mesmo tempo — embora o coração insista em tentar.

Há despedidas que não cabem num adeus. Ficam penduradas no tempo, como se esperassem uma segunda chance para acontecer de outro jeito. A gente parte, mas deixa rastros: um perfume no ar, um bilhete não rasgado, um olhar que ainda procura o que não existe mais. E é assim que aprendemos que o corpo pode ir, mas certas presenças continuam habitando o mesmo espaço — invisíveis, porém intactas.

Ir exige coragem. Ficar, às vezes, exige ainda mais. Porque há momentos em que permanecer é enfrentar o que já não floresce, e partir é aceitar que algo bonito cumpriu seu ciclo. Mas quem disse que o coração entende de ciclos? Ele quer continuidade — mesmo quando o tempo já decretou o fim.

No fundo, a vida é feita desses desencontros entre o querer e o precisar. Entre o que fica e o que vai. E talvez a sabedoria esteja em perceber que não há erro nisso — apenas movimento. O ir e o ficar são duas metades da mesma travessia.

O segredo, talvez, seja aprender a partir por inteiro — e a ficar apenas onde a alma também queira permanecer.


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