. . .
A vida é agora.
O resto, quando muito, é lembrança ou rascunho do que ainda pode vir a ser.
A memória é bonita, mas não se toca. É como um retrato amarelado, que nos consola e ao mesmo tempo nos prende ao que já não existe. A promessa, por sua vez, é como uma estrada desenhada no horizonte: parece próxima, mas nunca se sabe se os pés chegarão até lá.
O presente, não. Ele pulsa. É rude, urgente, e às vezes até desconfortável. Mas é a única matéria viva que temos nas mãos. É o abraço que podemos dar hoje, o perdão que não pode ser adiado, a palavra que insiste em ficar na ponta da língua esperando coragem.
Muitos se agarram ao passado como se fosse possível reaprender a sorrir nos mesmos lugares, com as mesmas pessoas. Outros se escondem no futuro, como se ele fosse garantia de salvação. Mas viver é este instante pequeno e indomável, que não se repete.
Por isso, talvez a sabedoria esteja em respirar fundo e reconhecer: não temos ontem, não temos amanhã. Temos agora — e ele já está se tornando memória enquanto você lê estas linhas.
E, no fim, talvez seja essa a beleza: a vida é sempre um convite urgente para ser vivida antes que vire lembrança ou promessa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário