(Por inspiração na frase de Roger Scruton)
Vivemos uma era em que o discurso da relativização ganhou força. Frases como “cada um tem a sua verdade”, “a verdade depende do ponto de vista” ou “não existe certo e errado, tudo é relativo” se espalham com facilidade, como se fossem respostas sábias e modernas para os dilemas da vida.
No entanto, quando Sir Roger Scruton afirma que “uma pessoa que diz que a verdade é relativa está pedindo para você não acreditar nela”, ele nos oferece um alerta poderoso — e profundamente atual.
A Armadilha da Relativização
Claro que podemos reconhecer que as percepções individuais variam. O que é belo para uns, pode não ser para outros. O que é confortável para mim, pode ser desconfortável para você. Isso faz parte da diversidade humana. Mas há uma diferença gigantesca entre percepção e verdade.
Percepções são subjetivas. Verdades, não.
Quando alguém declara que “a verdade é relativa”, o que está, na prática, fazendo é abrir uma brecha para transformar fatos em opiniões, realidades em interpretações convenientes e, muitas vezes, ética em algo opcional.
Essa relativização excessiva é perigosa. Ela dissolve os pilares do diálogo honesto, da justiça, da responsabilidade e da construção de uma sociedade baseada na confiança. Afinal, se tudo é relativo, quem pode dizer o que é certo ou errado? Quem pode apontar uma incoerência, uma mentira ou uma injustiça, se cada um vive a partir de “sua própria verdade”?
Uma Estratégia de Escape
A frase de Scruton expõe, de forma direta, algo que poucos ousam dizer:
quem relativiza a verdade está, no fundo, dizendo que não quer ser cobrado por ela.
É um mecanismo de defesa. Uma maneira sutil — e até elegante — de escapar de confrontos, de se livrar da responsabilidade sobre o que se afirma, do peso das próprias escolhas e palavras.
Perceba: quando alguém diz “essa é a minha verdade”, automaticamente está te impedindo de questionar. Se você discorda, parece estar desrespeitando não apenas uma opinião, mas algo que foi elevado à categoria de verdade pessoal, inquestionável. Isso sufoca qualquer debate saudável.
Nem Tudo É Relativo
Não. Nem tudo é relativo.
Fatos são fatos. O que é verdade, é. E isso independe da nossa vontade, do nosso gosto ou da nossa conveniência.
Negar que existe verdade objetiva é um caminho perigoso, que abre espaço para a manipulação, para a distorção e para o enfraquecimento da própria ética. Sociedades inteiras desmoronam quando abandonam o compromisso com a verdade.
E, justamente por isso, Scruton nos convida à lucidez.
Nos convida a não aceitar de forma ingênua discursos que parecem sofisticados, mas que escondem uma armadilha lógica: se tudo é relativo, então até a própria afirmação “a verdade é relativa” também seria. E, se ela é relativa, não é absolutamente verdadeira. Logo, ela se contradiz.
O Valor da Verdade no Mundo Contemporâneo
Buscar a verdade — nos fatos, nas relações, na vida — não significa ser intransigente ou arrogante. Significa apenas assumir um compromisso honesto com a realidade. Significa entender que opiniões podem variar, mas a verdade, não.
Defender a existência da verdade não é ser intolerante. Pelo contrário, é o alicerce que permite qualquer diálogo, qualquer construção social justa e qualquer relação saudável.
Conclusão
No fim, a frase de Roger Scruton não é apenas uma crítica filosófica. É um alerta prático para a vida.
Cuidado com quem relativiza tudo. Cuidado com discursos que soam bonitos, mas esvaziam o compromisso com a coerência, a ética e os fatos.
Nem tudo é opinião. Nem tudo é interpretação. A verdade existe — e fugir dela não a faz desaparecer.
E talvez, hoje, mais do que nunca, nosso maior desafio seja esse:
Resgatar o valor da verdade num mundo que insiste em transformá-la em mercadoria de conveniência.
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