Eu tenho pensado muito sobre a forma como caminhamos neste mundo. Sobre como olhamos a vida, como se, de repente, tudo precisasse fazer sentido — e depressa. Vivemos mergulhados numa espécie de urgência silenciosa, esperando, não sei bem o quê, talvez que alguém nos traga respostas embaladas em caixas bonitas, com laços de certezas.
Somos, essencialmente, seres inquietos. Carregamos perguntas nas costas,
nos bolsos, nos olhos. Perguntas que atravessam gerações, séculos,
civilizações. Porque, no fundo, a humanidade é isso: uma travessia entre o que
somos e o que buscamos ser. Entre o que falta e o que nunca chega.
Cada um de nós carrega um vazio. Uns o chamam de saudade, outros de
propósito, de amor, de fé, de pertencimento. E é esse vazio que empurra a
humanidade — ora para frente, ora para o abismo. O curioso é perceber que,
mesmo quando avançamos, tropeçamos nas mesmas pedras de sempre: medo,
insegurança, egoísmo, intolerância.
O medo, esse velho conhecido, bate no peito de ricos e pobres, homens e
mulheres, crianças e velhos. Não escolhe endereço, não respeita diploma, não
tem religião. Está ali, no canto dos pensamentos, soprando dúvidas, paralisando
passos, atrasando sonhos.
E é nessa dança entre aflições e esperanças que seguimos existindo. Como
quem espera, ansioso, o dia em que finalmente se libertará do peso invisível
que carrega. Como quem deseja que, no meio do caminho, surja alguma luz — um
sinal, uma mão estendida, uma palavra que acolha.
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