Nem todo conselho vem embalado em afeto. Às vezes, chega disfarçado de cuidado, mas carrega nas entrelinhas aquele julgamento sutil que pesa mais do que deveria. Outras vezes, aparece sem cerimônia, direto, cru, quase um soco no estômago — e, surpreendentemente, é justamente esse que nos faz acordar.
A verdade é que nem sempre o que as pessoas dizem tem o real propósito de
ajudar. Alguns falam mais sobre si mesmos do que sobre nós. Jogam no outro as
próprias inseguranças, frustrações e certezas inabaláveis. Colocam suas lentes
sobre nossa vida, como se enxergar de fora desse direito de opinar sobre tudo.
“É só um conselho, viu?”, dizem. E lá vem aquele pacote embrulhado em
papel de boa intenção, mas recheado de críticas disfarçadas. Às vezes, dói. Às
vezes, confunde. E a gente se pega, no silêncio, se perguntando se aquilo faz
sentido ou se é só mais um peso que colocaram nas nossas costas.
Mas há também aquelas palavras que chegam diferente. Não ferem, não
julgam, não diminuem. São firmes, sim. São sinceras, até duras, às vezes. Mas
vêm com cheiro de verdade e tom de quem quer ver a gente crescer. São aquelas
críticas que não apontam o dedo, mas estendem a mão. Que não tentam nos moldar,
mas nos ajudar a lapidar aquilo que já somos.
Com o tempo, a gente aprende a ouvir menos o ruído e mais a essência.
Aprende a separar o que é sobre nós do que é sobre o outro. Aprende, sobretudo,
que nem toda opinião merece morada no nosso peito.
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