Parabéns, você acaba de desbloquear um novo modo de viver na sociedade moderna: o “Culpado Sem Culpa”. A regra é simples, e se você ainda não entendeu, eu explico.
Se você fez uma besteira — falou o que não devia, escolheu errado, pisou na bola — não se preocupe! A culpa nunca é sua. Ela é do capitalismo, do colonialismo, da sua árvore genealógica, do aquecimento global, da TPM da humanidade, do trânsito da manhã, ou, se nada disso colar, do alinhamento dos planetas.
Agora, preste atenção: enquanto você se isenta lindamente dos próprios erros, alguém — de preferência alguém que nem te conhece — deve arcar com as consequências de coisas que aconteceram antes de você nascer. E se a pessoa ousar questionar? Ah, ela será acusada de insensível, opressora, cúmplice do sistema, herege dos tempos modernos.
É genial.
É prático.
É confortável.
Você não precisa melhorar, basta culpar. Você não precisa evoluir, basta acusar. Você não precisa nem viver o presente, porque está muito ocupado julgando o passado — e, claro, terceirizando qualquer responsabilidade do agora.
E assim seguimos nesse grande reality show social, onde todo mundo se faz de vítima, todo mundo se faz de juiz, e, curiosamente, ninguém se candidata a ser réu dos próprios atos.
No final das contas, a humanidade parece aquela criança que quebra o vaso e, com cara de anjo, aponta pro cachorro. E o pior: às vezes o cachorro nem existe.
Então é isso. Respire fundo.
Se a vida te der limões, culpe a indústria do agronegócio.
Se chover no seu piquenique, processe o clima.
Se escolher errado, diga que foi manipulado pela sociedade.
E, claro, se eu estiver errado… a culpa é sua.
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