Num canto qualquer de um shopping qualquer, a vida se sentou para tomar um café. Era uma tarde morna, daquelas em que o tempo parece perder o passo, tropeçar em si mesmo e decidir ficar ali, imóvel, só observando.
Na mesa dos três, não havia luxo. Mas havia presença. O homem de boné verde — estampado com o símbolo de um time estrangeiro — sorria como quem sorri por dentro, de verdade. Seus olhos atrás dos óculos tinham um brilho de quem sabia reconhecer os bons momentos mesmo antes que eles acabassem.
Ao seu lado, a mulher — talvez esposa, amiga de longa data ou o coração que o acompanhava há anos — sorria com doçura. Era um sorriso mais tranquilo, talvez cansado das batalhas de todo dia, mas cheio de gratidão. Seus dedos vermelhos de esmalte descansavam sobre a mesa como se segurassem, com leveza, as memórias de todos os cafés já tomados e os silêncios já divididos.
E então, o jovem. Olhar curioso, meio sério. Era como se estivesse ali e em outro lugar ao mesmo tempo. Talvez pensando nas próximas páginas da vida que viria, talvez tentando entender o mistério dos adultos sorrirem tanto por tão pouco. Ele parecia observar — o mundo, os gestos, os pequenos rituais dos que vieram antes.
Na frente deles, sachês de açúcar, um frasco de álcool em gel, e aquele silêncio confortável que só existe entre os que se amam. Atrás, espelhos multiplicavam a cena, como se o universo fizesse questão de registrar aquele instante várias vezes, só pra garantir que ele não se perdesse.
Na mesa dos três, havia mais do que café. Havia história. Havia tempo. Havia nós.
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