Existe um sussurro constante que mora na cabeça da gente. Um sussurro que se disfarça de cuidado, de prudência, de alerta. Mas, na verdade, atende pelo nome de medo.
Ele sempre começa igual:
— “E se…”
— E se não der certo?
— E se eu não for capaz?
— E se eu me machucar?
— E se eu perder?
— E se eu tentar… e falhar?
O “e se” é mestre em fabricar cenários que nunca existiram. Cria tempestades em dias de céu azul, acidentes em estradas que nem foram construídas, fracassos em histórias que sequer começaram. E assim, aos poucos, vai paralisando passos, adiando sonhos, desmontando planos — antes mesmo que eles tenham chance de respirar.
O medo tem essa habilidade: fazer parecer que se proteger é o mesmo que se esconder.
Mas existe uma voz diferente. Uma voz que não nega o risco, nem finge que a vida é feita só de garantias. Pelo contrário: ela olha de frente para as possibilidades do fracasso e diz, com a serenidade de quem escolhe viver de verdade:
— “Mesmo se…”
— Mesmo se eu tropeçar, vou levantar.
— Mesmo se doer, vale a pena tentar.
— Mesmo se não sair como eu imaginei, eu seguirei adiante.
— Mesmo se o mundo inteiro disser não, eu escolho meu sim.
A fé — seja lá no que ou em quem for — não é uma fórmula mágica contra o erro, contra o fracasso, contra as quedas. Fé é, na verdade, essa coragem silenciosa que permite continuar, mesmo quando o cenário não é ideal. Mesmo quando o chão parece incerto, mesmo quando as respostas não chegam, mesmo quando o medo bate forte.
O medo pergunta: “E se der errado?”
A fé responde: “Mesmo se der… eu continuo.”
E talvez essa seja a diferença que muda tudo. Porque o medo busca controle — e se frustra, porque controlar a vida é ilusão. A fé, por outro lado, abraça a entrega. Não é sobre ter certeza do caminho. É sobre caminhar, apesar de.
No fundo, o convite da vida é esse: escolher de qual voz seremos discípulos. A que paralisa… ou a que impulsiona.
E, cá entre nós… que a gente aprenda, pouco a pouco, a substituir o “E se…” pelo “Mesmo se…”. Porque viver não é sobre garantir que nada dará errado. Viver é sobre seguir, mesmo se der.
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