Naquela esquina onde o ontem ainda sussurra e o amanhã já começa a bater à porta, estamos nós — cheios de medo e angústia, mas também de esperança e expectativas. Como quem carrega pedras nos bolsos e flores nas mãos.
Tem dias em que acordamos com o
coração apertado, sentindo que algo está fora do lugar, mesmo sem saber o quê.
Talvez seja o mundo lá fora, talvez seja o mundo aqui dentro. O café esfria, a
mensagem não chega, o tempo corre. E a gente tenta acompanhar, mesmo tropeçando
nas incertezas.
Mas, curiosamente, no mesmo instante
em que o medo cresce, também cresce a vontade de continuar. Uma parte de nós
desconfia do futuro, mas a outra acredita nele com uma fé quase infantil.
Porque é isso que nos move: esse contraste, esse equilíbrio frágil entre o que
nos assusta e o que nos inspira.
A angústia, por mais pesada que seja,
ensina. Ela avisa que estamos vivos, sentindo, atentos. E a esperança — ah, a
esperança é o que amacia tudo. É o que nos faz abrir a janela mesmo num dia
nublado, é o que sussurra: “vai passar”.
No fundo, viver é isso. Um constante
estar entre extremos. Somos frágeis e fortes, ao mesmo tempo. Estamos com medo,
sim. Mas também carregamos sonhos que ainda nem conseguimos nomear.
E no fim das contas, talvez seja aí
que mora a beleza: no fato de que, mesmo assustados, seguimos. Com um passo
hesitante e outro cheio de coragem. Com angústia no peito, mas também com
brilho nos olhos.
Sempre em frente. Sempre entre o medo
e a esperança.
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