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sexta-feira, 30 de maio de 2025

O Poder do discreto (Revitalizado)

(Filosofia de um peão)

O peão é a figura mais modesta do xadrez e, no entanto, carrega em sua simplicidade uma grandeza silenciosa.

Não possui a agilidade do cavalo, nem a amplitude do bispo.

Não reina, não domina.

Avança devagar, sempre em frente, como quem escolhe o dever acima do desejo.

Não recua, porque não há virtude na saudade.

O peão não se revolta contra o seu lugar no tabuleiro.

Aceita sua condição com dignidade — e é precisamente essa aceitação, essa entrega serena ao papel que lhe cabe, que o torna invencível em espírito.

Cada passo que dá é um ato de coragem.

Não porque desafia o inimigo, mas porque vence, a cada movimento, o próprio medo do sacrifício.

Pode ser levado, pode cair… e, ainda assim, não desiste.

Se chega ao final, ele se transforma.

Não por ambição — mas por mérito.

Porque a alma que atravessou o campo de batalha, fiel à sua essência, sem se desviar da virtude, conquista o direito de florescer.

O peão nos ensina, com sua caminhada:

A verdadeira elevação não é aquela que se impõe.

É aquela que se conquista, passo a passo, sem trair quem se é.

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