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Você é feliz com a vida que tem?
Essa pergunta, quando feita de verdade, tem o poder de silenciar até os mais falantes. Não porque não haja resposta, mas porque a resposta, muitas vezes, não cabe em palavras. Ela cabe em suspiros, em olhares perdidos na janela, em noites mal dormidas, em alegrias simples que a gente sente, mas esquece de notar.
Talvez a felicidade que nos venderam — aquela feita de conquistas, viagens, sorrisos eternizados em fotos e amores de cinema — seja mais marketing do que realidade. Talvez felicidade mesmo seja um café quente num dia frio. Um “bom dia” sincero. Um problema resolvido depois de dias de preocupação. O silêncio que vem depois do choro. O colo que chega sem ser pedido.
E você… já se questionou sobre isso?
Porque, no fundo, a gente vive como se a vida estivesse sempre para acontecer. “Quando eu conseguir aquele emprego…” “Quando eu encontrar alguém…” “Quando tudo melhorar…” E assim vamos, colocando a felicidade num futuro que nunca se apresenta como prometido. Como se a vida tivesse um ensaio geral antes da estreia — e a estreia, adiada indefinidamente.
Só que a vida já é o palco. E a cortina está aberta faz tempo.
A felicidade, talvez, seja menos sobre ter a vida dos sonhos e mais sobre conseguir sonhar mesmo quando a vida não está como a gente queria. Talvez seja reconhecer que, mesmo com os vazios, com os medos e as saudades, ainda há beleza nas pequenas coisas. Ainda há propósito em seguir em frente. Ainda há motivos, por menores que sejam, para agradecer.
Então eu volto à pergunta: você é feliz com a vida que tem?
Não precisa responder agora. Só não esqueça de se perguntar de vez em quando. Porque às vezes, no meio da correria, a gente se distrai tanto com o que falta que esquece de notar tudo o que já tem.
E a felicidade — essa que ninguém explica muito bem — talvez esteja exatamente ali: no meio do que sobra.
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