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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

🤷🏼‍♂️Entre se importar e se intrometer

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Vivemos na era da expressão ilimitada. Todos têm voz, microfone, câmera e, principalmente, acesso irrestrito ao palco das redes sociais. Em tese, isso seria um avanço democrático — e é, até certo ponto. O problema começa quando confundimos o direito de falar com a obrigação de ser ouvido. Ou pior: com a liberdade de invadir espaços alheios com opiniões que não foram requisitadas.

As pessoas precisam, urgentemente, reaprender a arte do silêncio respeitoso. Nem toda conversa precisa de um palpite. Nem todo desabafo precisa de um conselho. Nem toda dor precisa de um diagnóstico. Há um excesso de “eu acho”, “no meu tempo”, “se eu fosse você” sendo despejado sobre quem, na verdade, só precisava ser ouvido, acolhido ou deixado em paz.

Existe uma diferença fundamental entre se importar e se intrometer. Entre querer ajudar e querer controlar. A linha é tênue, mas perceptível. E ela é, quase sempre, atravessada por quem tem mais necessidade de se afirmar do que de contribuir.

Dar opinião não solicitada é, muitas vezes, uma forma de arrogância disfarçada de cuidado. É como entrar numa casa sem bater, sentar no sofá e começar a rearrumar os móveis, sem ser convidado. Pode até parecer boa intenção, mas é invasivo, desrespeitoso e desconfortável.

Opinião é como presente: só tem valor quando vem com intenção genuína e no momento certo. Caso contrário, vira peso. E ninguém merece carregar o fardo das expectativas, julgamentos e conselhos alheios em momentos que só pediam leveza ou silêncio.

Então, da próxima vez que alguém compartilhar algo com você — uma escolha, uma dor, uma alegria — pergunte-se: essa pessoa quer escuta ou quer opinião? Ela precisa de apoio ou de um manual de instruções? Às vezes, o maior gesto de sabedoria é simplesmente calar. E ficar ao lado. Sem dizer nada.

Porque respeito, ao contrário do que muitos pensam, também se mostra na ausência de palavras.

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