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A igreja de hoje tem sido muito mais um tribunal do que um hospital.
A metáfora é dura, mas verdadeira.
Muitas vezes, a igreja — que deveria ser lugar de acolhimento, cuidado e restauração — se transforma em um espaço de julgamento. Pessoas feridas, ao invés de encontrarem mãos que as levantem, encontram dedos que as apontam. E assim, ao invés de curar, afasta-se.
Jesus, porém, nunca se comportou como um juiz de toga em um tribunal humano. Ele se aproximava de leprosos, pecadores, rejeitados. Sua mesa sempre tinha lugar para quem não tinha lugar. Ele tratava a dor antes de tratar o erro, porque sabia que o coração só muda quando encontra amor e verdade — e não quando é esmagado pelo peso da condenação.
Se a igreja é corpo, precisa ser corpo saudável: braços que abraçam, ouvidos que escutam, mãos que curam. Quando se torna apenas um tribunal, ela esquece que todos nós, sem exceção, já estivemos no banco dos réus diante de Deus — e só estamos de pé hoje porque fomos absolvidos pela graça.
Talvez a grande pergunta seja: queremos ser conhecidos como fiscais do comportamento ou como médicos de almas? Uma igreja que cura é aquela que, antes de falar do pecado, oferece remédio para a dor; antes de condenar, aponta para o único capaz de perdoar.
Se o mundo está ferido, o lugar mais natural para um ferido deveria ser a igreja — e não longe dela.
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