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Às vezes, não é o mundo que nos engana — somos nós que, por algum motivo que nem sempre entendemos, escolhemos acreditar.
Olhando para trás, vejo decisões que hoje me parecem absurdas. Momentos em que a paixão falou mais alto que a razão, e eu, feito aprendiz ingênuo, segui sua voz como quem corre atrás de um canto de sereia.
O mais curioso é que os sinais estavam lá. Claros. Escancarados. Bastava abrir os olhos. Mas abrir os olhos dói. Enxergar a verdade exige coragem… e talvez naquele tempo eu não tivesse. Talvez eu precisasse da mentira, mesmo sabendo que ela era frágil.
E então vem a pergunta que não me larga: serviu para alguma coisa? Dizem que sim, que todo tropeço ensina, que até nas burrices há um aprendizado escondido. Pode ser. Mas às vezes, a única herança de certas escolhas é o silêncio que fica e a cicatriz que arde quando o passado resolve tocar na gente.
O tempo — sempre ele — é o único capaz de nos mostrar se o erro foi lição ou apenas perda. Enquanto isso, sigo vivendo, tentando ser mais atento, mais lúcido… mas sabendo que, de vez em quando, ainda vou cair no velho truque de acreditar no que quero, e não no que é.
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