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sábado, 30 de agosto de 2025

⚰️Quando o último dia chegar

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"Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta."

- Luis Fernando Veríssimo

Dizem que devemos viver cada dia como se fosse o último.

Confesso: sempre achei essa frase assustadora. Imagine acordar pensando que, à noite, tudo se apaga. Que não haverá amanhã para corrigir erros, para dizer o que ficou entalado, para abraçar quem se afastou. Se eu vivesse assim, não sei se faria grandes coisas ou se passaria o dia chorando.

Mas há quem diga que um dia acertaremos. E essa é a parte mais curiosa da frase. Porque, no fundo, ela carrega uma verdade inevitável: um dia será mesmo o último. E, talvez, a gente não perceba.

A pergunta é: o que faríamos se soubéssemos?

Talvez você dissesse que diria “eu te amo” para quem nunca disse. Talvez eu parasse de economizar sorrisos. Talvez alguém se despedisse do trabalho que odeia, sem medo do boletim financeiro. Mas e se… nós pudéssemos fazer isso sem a urgência do fim?

O problema é que a gente vive como se a vida fosse infinita. Adiamos planos, empurramos conversas, deixamos sonhos para um amanhã que não tem garantia de chegar. E, enquanto isso, colecionamos arrependimentos de tudo aquilo que não fizemos — como se tivéssemos todo o tempo do mundo para corrigir.

Viver como se fosse o último dia não significa gastar tudo, beijar todos, ou mergulhar em uma piscina de extravagâncias. Significa ter coragem. Coragem para não esperar, para fazer caber na rotina aquilo que faz sentido. Coragem para dizer o que importa. Coragem para não viver no automático.

Porque um dia… sim, um dia a frase estará certa. E, nesse dia, espero que a gente tenha vivido muitos outros com a leveza de quem soube aproveitar o tempo sem esperar pelo relógio da despedida.


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