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Há silêncios que pesam mais do que palavras duras. Silêncios que nos acompanham como pedras nos bolsos, afundando-nos pouco a pouco no fundo de nós mesmos. É curioso como acreditamos que calar é sempre a escolha mais sábia, como se engolir palavras fosse sinônimo de paz. Mas, no fundo, sabemos: o que fica guardado não desaparece, apenas muda de lugar — e quase sempre vai para dentro.
Evitar uma conversa difícil pode parecer prudência, mas, muitas vezes, é apenas medo disfarçado de sensatez. Medo de ferir, medo de perder, medo do que virá depois do ponto final. Então deixamos a frase pela metade, a explicação no ar, e nos trancamos num labirinto onde só nós ouvimos os gritos.
O que não dizemos adoece. Vai para o peito, para os ombros, para o sono. Transforma-se em ansiedade, em mágoa, em distância. É assim que relações se desfazem sem briga: não por falta de amor, mas por excesso de silêncio.
Conversas difíceis doem, é verdade. Mas doem para curar. Como o remédio amargo que salva, como a ferida que precisa ser lavada para não infeccionar. Porque um diálogo sincero, ainda que machuque, é sempre mais leve do que uma vida inteira carregando o que nunca foi dito.
Falar é coragem. Silenciar é às vezes uma sentença. E no fim, quase sempre descobrimos que as palavras que temíamos eram menos pesadas do que o silêncio que carregávamos.
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