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sábado, 19 de julho de 2025

😭As Lágrimas que Não Chegam aos Olhos

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Nem sempre quem sorri está feliz. E talvez essa seja uma das maiores sutilezas da alma humana. Há dores que aprendem a se esconder tão bem que parecem não existir. A gente se acostuma a usar o riso como um escudo — não para enganar o outro, mas para proteger a si mesmo.

O sorriso pode ser uma cortina. Delicada, leve, mas espessa o suficiente para que ninguém perceba o que se passa por trás. É fácil dizer “está tudo bem” quando o coração está fazendo esforço para não desabar. A rotina, os compromissos, os olhares rápidos e os julgamentos silenciosos não deixam muito espaço para desabafos sinceros. Então, a dor se adapta. Aprende a morar dentro da gente. Aprende até a se calar.

Há lágrimas que não escorrem pelo rosto. Elas preferem se aninhar por dentro, silenciosas, como se esperassem o momento certo para serem compreendidas. E, às vezes, esse momento nunca vem. A vida passa, o tempo corre, e aquelas dores pequenas — ou imensas — continuam ali, sem nome, sem cor, sem explicação.

A verdade é que todo mundo carrega algo que não mostra. Uma ausência que ainda pesa, um medo que não confessa, uma saudade que aperta devagar. E é por isso que gentileza nunca é demais. Aquele que hoje sorri pode estar lutando uma batalha invisível. Aquela piada contada com graça pode esconder uma noite mal dormida, uma incerteza sufocante, uma tristeza que ainda dói.

Jane Austen, com sua sensibilidade tão atenta às emoções humanas, sabia disso. O coração é um lugar profundo demais para se mostrar por inteiro. Às vezes, tudo o que conseguimos oferecer ao mundo é um sorriso. E isso já é muito.

Então, da próxima vez que cruzar com alguém sorrindo, lembre-se: talvez aquele sorriso esteja pedindo, em silêncio, um pouco de ternura.

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