(uma carta para os dias nublados)
Querido eu,
Hoje não é um dia fácil. O peito aperta, os pensamentos pesam e parece que tudo à volta virou um vendaval. Eu sei. Eu estou aqui. E é justamente por isso que resolvi escrever — não para mudar o que sinto, mas para lembrar o que eu sei.
A tempestade vai passar.
Sei que agora a chuva parece eterna, que o trovão assusta e que as certezas escorrem como água por entre os dedos. Mas também sei que não é a primeira vez que escurece. Você já esteve aqui antes. Já enfrentou noites longas, silêncios duros e dores que pareciam impossíveis. E, de alguma forma, mesmo sem saber como, sobreviveu.
Você esquece, às vezes, a força que tem. A capacidade de recomeçar, mesmo com o coração machucado. A coragem de dar o próximo passo, mesmo quando os pés tremem. Você é mais forte do que pensa — não por não cair, mas por se levantar mesmo quando tudo em você queria desistir.
Então, escrevo para dizer que eu te vejo. Que estou contigo. E que não vou embora. Não importa o tamanho da tormenta, eu estarei aqui, ao seu lado, com o peito aberto para acolher as lágrimas e com os braços prontos para segurar suas partes quebradas. Porque não há ninguém no mundo mais apto a te entender do que você mesmo.
Essa dor vai passar. Vai. Como tantas outras já passaram. E quando passar, você vai se lembrar de mim — de nós — sentados em meio ao caos, acreditando, ainda que com medo, que dias melhores viriam.
Eles virão.
Com carinho,
De mim para mim.
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