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Essa reflexão parte de uma constatação profundamente humana: a vida, em muitos momentos, é mesmo injusta — ou, ao menos, nos parece ser. E essa percepção não é fruto de pessimismo, mas de experiência. Quantas vezes já vimos boas pessoas sofrerem, sonhos se despedaçarem de forma abrupta, amores sinceros se perderem por circunstâncias alheias à vontade? A injustiça, nesse sentido, não é uma sentença, mas um aspecto imprevisível da existência.
O contexto disto é reconhecer a dor e a dificuldade sem maquiar a realidade, pois muitas vezes a vida não oferece respostas fáceis, nem um otimismo artificial. Ao contrário: aceita o nó na garganta, a frustração, a perda, a quebra de promessas. Mas o mais belo é o que vem depois — mesmo quando tudo parece desabar, seguimos.
A força da reflexão está justamente aí: na escolha de continuar, mesmo sabendo que não há garantias. Na capacidade de encontrar beleza apesar da ausência de lógica ou recompensa. No aceitar que a vida talvez não seja justa, mas ainda assim seja cheia de coisas que valem a pena. O amor, a luz, os instantes, o pulsar de um coração que não se deixa enterrar pelas cicatrizes.
Essa é uma crítica velada à ideia de que tudo precisa ter um sentido, uma explicação. Talvez viver não seja compreender, mas resistir com poesia. E isso não é conformismo — é coragem. Porque há uma forma de justiça que não se impõe, mas se constrói: no modo como escolhemos enfrentar o que nos acontece. No modo como seguimos.
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