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Não dá pra abrir a cabeça de ninguém e colocar determinadas coisas.
Quantas vezes já desejamos isso, mesmo sem dizer em voz alta? Quisemos que o outro enxergasse como a gente vê, sentisse como a gente sente, mudasse como achamos que deveria mudar. Um desejo quase desesperado de que o outro entenda, cresça, amadureça — como se isso fosse possível com uma simples conversa, uma explicação bem dada ou, quem sabe, uma dose de realidade. Mas não é.
A vida ensina com tempo, com tropeços, com experiências que não podemos viver pelo outro. E isso dói. Dói porque nem sempre estamos dispostos a esperar. Dói porque queremos salvar quem amamos de erros que já conhecemos, de dores que já sentimos, de escolhas que parecem tão óbvias para nós. Mas não somos salvadores. Somos, no máximo, presença. E presença não transforma por obrigação, mas por inspiração.
Há quem aprenda com o silêncio, outros com o grito. Alguns só mudam quando perdem, outros só percebem quando já é tarde demais. E está tudo certo — dentro da confusão que é viver. Não somos responsáveis pelas lições que o outro ainda não está pronto para entender. As mudanças e o amadurecimento do outro não são tarefas suas, por mais que você se importe, por mais que você tente.
O que você pode fazer é ser inteiro no seu caminho. É seguir firme no que acredita, com leveza, sem se moldar para caber no tempo de ninguém. Pode oferecer seu exemplo, sua escuta, sua luz — mas sem a pretensão de ser a mudança do outro.
No fim das contas, a maturidade também está em reconhecer isso: que há batalhas que não são suas, que há cabeças que só se abrem por dentro, e que cada um tem o seu próprio relógio para despertar.
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