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segunda-feira, 7 de julho de 2025

🔭Observar sem absorver

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Nem tudo que nos atravessa precisa ficar. Nem tudo que vemos, ouvimos ou sentimos merece o lugar de permanência. Há uma sabedoria silenciosa no simples ato de observar — com olhos atentos, com o coração desperto, mas sem a urgência de carregar tudo como se fosse nosso.

Vivemos em tempos de excesso. Excesso de informação, de opiniões, de estímulos, de urgências alheias que tentam se vestir como nossas. É como andar por uma estrada repleta de vozes gritando por atenção, cada uma querendo ser ouvida, compreendida, respondida. Mas quem foi que disse que precisamos responder a tudo?

Observar sem absorver é a arte de manter a alma limpa no meio da lama. É o gesto delicado de testemunhar o mundo e ainda assim proteger a própria essência. Porque, veja bem, a dor do outro não é sua — embora você possa senti-la com empatia. A raiva do outro não é sua — embora você possa reconhecê-la e até entendê-la. A pressa do outro não precisa ser a sua. Nem os medos, nem as inseguranças, nem os julgamentos.

Há um lugar dentro da gente que precisa ser preservado. Um espaço sagrado onde não entram ruídos, onde não cabem pressões que não nos pertencem. Um canto de serenidade que só se mantém vivo quando aprendemos a filtrar o que deixamos entrar.

Não é frieza. É cuidado.

Observar sem absorver é como estar no meio do mar e aprender a boiar. Você sente o movimento das ondas, mas não se afoga nelas. É como passar por uma tempestade, mas manter o casaco seco por dentro. É como ouvir uma crítica e não permitir que ela machuque seu valor. É maturidade emocional. É higiene mental. É saúde da alma.

Nem tudo que acontece ao seu redor precisa acontecer dentro de você.

Então, respire. Observe. Perceba. Mas não leve tudo pra casa.

Você não precisa carregar o mundo nas costas para fazer parte dele.

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