Há um som que não se ouve,
mas que ecoa fundo no peito.
É o silêncio — esse véu discreto —
que veste a alma em seus direitos.
Quando a palavra se esconde,
não é porque nada há a dizer.
É que às vezes a dor se apronta
e cala, pra não transbordar o ser.
Silêncio não é sempre paz,
às vezes é nó na garganta,
é lágrima que se recusa a cair,
é guerra travada em alma santa.
É ausência cheia de presença,
é resposta sem explicação,
é o grito mudo de quem cansa
de mendigar compreensão.
Quem ouve o silêncio do outro
precisa mais do que ouvidos —
precisa tato, alma e tempo,
pra decifrar os não ditos.
Porque o silêncio, por vezes, é grito.
E só quem escuta com o coração
é capaz de acolher
o que não encontra tradução.
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