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Tem dias em que a alma acorda preguiçosa. Não de corpo, mas de verbo. Preguiça de esclarecer, justificar, traduzir-se em palavras para caber na compreensão do outro. A gente se cansa de fazer legenda da própria existência.
E é aí que nasce essa atitude silenciosa de quem, cansado de explicar, apenas deixa. Deixa pensar o que quiser. Deixa concluir, interpretar, deduzir. Porque, no fundo, a gente entende que nem sempre vale a pena gastar energia tentando ser entendido por quem já decidiu que não quer compreender — só julgar.
Já percebeu como, às vezes, a gente se sente em uma eterna entrevista de emprego com a vida dos outros? Se justificando por estar mais calado hoje, por responder mais seco, por não sorrir tanto. Como se fosse necessário pedir desculpa por não ser constante, por mudar de ideia, por não ser a versão que esperavam.
Mas chega um momento em que o silêncio passa a ser descanso. E deixar que pensem o que quiserem, liberdade. Não por desdém — mas por autodefesa. Porque quem realmente importa já aprendeu a ler o que vai no teu olhar, e não exige manual de instrução a cada gesto seu.
E, sinceramente? É libertador entender que você não precisa se explicar o tempo todo. Porque nem tudo que a gente sente precisa virar discurso. E nem toda versão sobre você precisa ser corrigida. Às vezes, o melhor argumento é o silêncio.
Explicar cansa. E a paz que vem depois de não se importar com a opinião alheia… essa, sim, é uma explicação que não precisa ser dada.
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