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A vida é boa.
Mas também é contradição.
É o café quente que acolhe e a queimadura que distrai. É a gargalhada que explode depois de um choro engasgado. É o reencontro que acalma e a despedida que dilacera. A vida é essa dança meio desajeitada entre o leve e o pesado, entre o suave e o bruto. E mesmo assim, ninguém quer sair dela.
A vida é feita de contrastes que se revezam sem pedir licença. Um dia parece pluma — no outro, parece rocha. Tem dias em que tudo flui, em que o mundo sorri pra gente, em que até o silêncio soa como música. Mas também tem os outros dias. Aqueles em que a alma pesa mais que o corpo, em que os passos se arrastam, em que até o vento parece empurrar contra.
E ainda assim, seguimos.
Porque a vida, com todas as suas arestas, com todas as suas falhas e excessos, tem uma beleza que não cabe em definições fáceis. Ela é feita de instantes que, por vezes, doem — mas outras tantas, curam. E é isso que nos prende a ela.
Mesmo cansados, mesmo feridos, mesmo perdidos… ninguém quer sair dela. Porque, lá no fundo, a gente sabe que é aqui — nesse cenário instável, às vezes amargo, às vezes doce — que mora a possibilidade de recomeçar, de acertar o passo, de ser feliz de novo.
A vida é tudo isso:
contradição, poesia e persistência.
E ainda assim, boa.
Boa justamente porque é real.
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