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O ar crepuscular daquela cidade, em 9 de julho de 2025, trazia consigo um tom alaranjado, quase melancólico. Era essa a luz que banhava a rua poeirenta onde um homem, silhueta contra o sol que se punha, caminhava. A mala em sua mão parecia pesar mais do que o seu conteúdo, carregada talvez de um passado que ele tentava, a cada passo, deixar para trás.
O nome dele era Tomás. Há anos, vivia naquela pequena cidade, onde o horizonte se encontrava com o rio e as casas de taipa sussurravam histórias de outras épocas. Ele tinha uma vida simples, quase invisível, mas um dia, a simplicidade se tornou uma prisão. As paredes de sua rotina apertavam, os dias eram idênticos e o ar que respirava parecia cada vez mais rarefeito.
A decisão não foi fácil. Pensou em mil desculpas para ficar, para adiar o inevitável. Mas o sol poente de hoje era diferente. Não era apenas o fim de mais um dia, mas o início de algo novo, algo que ele ainda não conseguia decifrar. A mala, que um dia guardara sonhos de juventude, agora continha apenas o essencial: algumas roupas, um livro antigo e uma fotografia desbotada da sua mãe.
Ele não tinha um destino certo. Apenas a certeza de que precisava ir. O portão que deixara para trás, entreaberto, era um convite ao esquecimento, um adeus silencioso. A cada passo, o peso da mala parecia diminuir, substituído por uma estranha leveza, a sensação de que estava, finalmente, respirando.
O caminho à frente era incerto, embaçado pela névoa da noite que se aproximava. Mas a luz dourada do sol, ainda visível no horizonte, era uma promessa. Uma promessa de que, mesmo na incerteza, há sempre um novo amanhecer. Tomás não sabia o que o esperava, mas sabia que, pela primeira vez em muito tempo, estava caminhando na direção certa. E o vento daquela cidade, em 9 de julho de 2025, parecia sussurrar em seus ouvidos: "Vá em frente. O mundo é seu."
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