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Muitas pessoas não suportam a ideia de um Deus criador. Não é que simplesmente não acreditem — é mais do que isso. Para alguns, a existência de um ser supremo que rege tudo, que está acima do entendimento, soa como uma afronta à própria autonomia, como se crer fosse abdicar do controle que julgam ter sobre a vida. Para outros, Deus é apenas um personagem ancestral, fruto da mente de algum visionário perdido no tempo, criado para dar sentido àquilo que não se podia explicar.
Uns pedem provas. Outros se contentam com a fé. Há os que se movem por milagres e os que só acreditam no que tocam, veem, mensuram. Uns chamam isso de consciência, outros de limitação.
Mas e se…?
E se existir, de fato, algo além da matéria? E se houver uma razão mais profunda por trás de cada batida do nosso coração, por trás de cada pôr do sol que nos emociona sem motivo aparente?
Por que somos tão fascinados por aquilo que não compreendemos totalmente? Por que, mesmo cercados por ciência e lógica, ainda nos pegamos, vez ou outra, em preces silenciosas nas noites difíceis?
Se tudo termina aqui, por que sonhamos com eternidade? Por que planejamos legados, construímos famílias, lutamos por justiça, criamos arte, buscamos sentido?
Seria só para deixar tudo a quem vem depois, como uma corrida sem linha de chegada? Uma eterna repetição de ciclos sem propósito final?
Não parece fazer sentido.
Porque se tudo fosse mesmo só carne, osso, razão e acaso… então o amor seria apenas química. A saudade, uma falha no cérebro. A fé, um erro de cálculo da evolução.
Mas… e se não for?
E se o esforço que colocamos nas nossas batalhas diárias, os sonhos que alimentamos, os afetos que cultivamos, forem pistas de que não estamos aqui apenas de passagem? Que há um fio invisível ligando o agora a um sempre?
Cada um tem o direito de crer como quiser. Toda escolha merece respeito — até mesmo a escolha de não crer. Mas talvez, só talvez, dentro de cada um, exista uma pergunta sem resposta que insiste em ecoar:
E se houver algo além?
Talvez, a fé — mais do que certeza — seja só a coragem de continuar perguntando.
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