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Saudade é uma dessas palavras que carregam um mundo dentro de si. A gente diz “sinto saudade” e parece simples — mas não é. É como tentar explicar o gosto da água ou a cor do vento. É ausência que permanece presente. É presença que insiste em não passar.
Ela não é só falta. É memória que aperta o peito, é cheiro guardado em roupa velha, é som de riso que ainda ecoa nos corredores da lembrança. A saudade tem mãos, e às vezes aperta. Tem olhos, que enxergam até no escuro. Tem voz, que sussurra quando tudo silencia.
Sentimos saudade do que foi bom, do que foi embora, do que não pôde ficar. Sentimos saudade de gente que marcou nossa história, de momentos que não voltam, de palavras que ficaram por dizer. E quanto maior o amor, maior o buraco que se abre quando o outro parte — ainda que temporariamente.
É curioso como nos acostumamos a presenças. A rotina ao lado de alguém se torna invisível até o dia em que ela falta. E é nessa falta que percebemos o quanto amávamos — e o quanto queríamos reter o tempo com as mãos.
Mas a vida, com sua sabedoria silenciosa, nos ensina que sentir saudade também é um sinal de que vivemos algo verdadeiro. Só sente falta quem amou. Só sofre a ausência quem teve a alegria da presença. E é por isso que, mesmo doendo, a saudade é bela: ela é a prova viva de que algo — ou alguém — valeu a pena.
Não há escapatória. Todos, em algum momento, vamos sentir saudade. E tudo bem. Faz parte. Que ela nos ensine a valorizar o agora, a amar com mais entrega, a dizer mais “eu te amo” e menos “depois eu falo”.
E que mesmo quando ela apertar, possamos lembrar: a dor pode ser forte, mas não é eterna. O amor que ficou, esse sim, dura para sempre.
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