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sábado, 5 de julho de 2025

🚜Colhemos Escolhas! (CONTO)

"Colhemos escolhas!" O velho ditado ecoava na mente de Elias enquanto ele observava o campo de girassóis do alto da colina. Cada flor, um sol dourado em miniatura, seguindo a trajetória do astro-rei. Elias, um agricultor com anos de experiência marcados em suas mãos calejadas, sabia bem o que significava essa frase. Não era apenas sobre plantar sementes e esperar a colheita; era sobre a vida, sobre cada decisão, pequena ou grande, que moldava o futuro.

Anos atrás, Elias teve uma escolha difícil. Sua terra, herdada do avô, estava exaurida. O solo, antes fértil, não respondia mais como antes. Os vizinhos, impulsionados pela promessa de ganhos rápidos, começavam a migrar para monoculturas que exigiam menos esforço inicial, mas prometiam um esgotamento ainda maior a longo prazo. Elias sentiu a tentação. Era mais fácil seguir a multidão, usar os químicos que garantiam uma colheita robusta, ainda que artificial.

Mas ele se lembrou das palavras de seu avô: "A pressa é inimiga da boa colheita, meu filho. E a terra... a terra sempre nos devolve o que damos a ela." Elias escolheu o caminho mais árduo. Investiu em adubo orgânico, na rotação de culturas, em técnicas que a maioria considerava ultrapassadas. Houve zombaria. Alguns anos foram difíceis, as colheitas modestas, e a dúvida, uma erva daninha persistente, tentou tomar conta.

No entanto, Elias perseverou. Ele escolheu a paciência, a sustentabilidade e o respeito pela terra. E agora, olhando para o mar dourado de girassóis que balançava suavemente ao vento, ele via o resultado. Seus campos eram um oásis de vida, vibrantes e cheios de vitalidade, enquanto as terras vizinhas, outrora mais produtivas, mostravam sinais claros de cansaço.

"Colhemos escolhas", Elias murmurou para si mesmo. A metáfora se estendia além da agricultura. Ele viu isso nos casamentos que floresciam porque ambos os parceiros escolheram o diálogo e o perdão, nas carreiras que prosperavam porque alguém escolheu o estudo e a dedicação, e nas amizades que duravam porque houve a escolha da lealdade e do apoio.

A vida, para Elias, era um eterno plantio. Cada pensamento, cada palavra dita, cada atitude tomada, era uma semente lançada ao solo. Algumas sementes brotavam rapidamente, outras demoravam, e algumas nunca germinavam. Mas a verdade era inegável: no final, a colheita era sempre o reflexo fiel das escolhas feitas. Não havia como fugir. Se plantava joio, não podia esperar trigo. Se cultivava negligência, não colheria sucesso. Se semeava bondade, a bondade, de alguma forma, sempre retornaria.

Com um sorriso sereno, Elias desceu a colina. Havia mais um dia de trabalho à frente, mais escolhas a serem feitas. E ele estava pronto para elas, sabendo que cada uma contribuía para a colheita que viria, não apenas para ele, mas para as gerações que pisariam naquela mesma terra.

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