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sábado, 5 de julho de 2025

⏰O Relógio Invisível

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O tempo tem uma forma sutil — e ao mesmo tempo extraordinária — de nos ensinar aquilo que tantas vezes insistimos em ignorar: o que realmente importa.

Ele não grita, não corre atrás de ninguém. Apenas passa. Com paciência e constância, como a água que esculpe a pedra. E, à medida que os ponteiros invisíveis giram, eles vão nos revelando as verdades que estavam escondidas sob a pressa, o barulho e a distração.

É curioso como, quando jovens, pensamos que temos todo o tempo do mundo. Corremos atrás de metas, acumulamos coisas, colecionamos conquistas que, à distância, talvez nem façam tanto sentido assim. Adiamos encontros, silenciamos afetos, substituímos abraços por compromissos. Acreditamos que sempre haverá amanhã. Mas o tempo, sábio como só ele sabe ser, vai tirando as camadas do que é passageiro para revelar o essencial.

Com o tempo, descobrimos que um “eu te amo” não dito dói mais do que um orgulho ferido. Que um café com alguém querido vale mais do que horas acumuladas de tarefas. Que a presença é mais valiosa do que qualquer presente. Que a paz é mais cara do que qualquer vitória. E que as pessoas que caminham ao nosso lado, mesmo quando tropeçamos, são tesouros que não se compram, não se trocam, não se esquecem.

O tempo nos mostra, com sua delicada firmeza, que tudo passa — inclusive nós. Mas também nos ensina que algumas coisas ficam: os gestos de ternura, as palavras sinceras, os olhares de cumplicidade, os risos compartilhados, os silêncios respeitados.

Talvez por isso o tempo seja tão precioso. Não porque é limitado, mas porque ele revela. Ele desnuda. Ele simplifica. Ele nos faz enxergar com o coração o que os olhos distraídos deixaram de ver.

Então, se hoje ele sussurrar algo ao seu ouvido, ouça com atenção. Pode ser que ele esteja tentando lhe mostrar o que, de fato, sempre esteve ali: o que realmente importa.

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