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sábado, 5 de julho de 2025

🔙O Vício do Olhar para Trás

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“Quando uma porta se fecha, outra se abre; mas nós olhamos por tanto tempo e com tanto arrependimento para a porta fechada, que nem vemos aquelas que se abriram para nós”.

- Alexander Graham Bell

 

A vida, meus caros, é um incessante movimento de portas. Umas se fecham, outras se abrem. É um fluxo contínuo, uma dança de idas e vindas que nos empurra para frente, queiramos ou não. No entanto, o problema, como bem apontou Alexander Graham Bell, não está no fechamento das portas em si, mas na nossa teimosa, quase viciosa, fixação naquilo que se foi.

Quantas vezes nos pegamos paralisados, os olhos marejados de arrependimento ou nostalgia, mirando aquela porta que acabou de bater? Pode ser um relacionamento que terminou, um emprego que perdemos, uma oportunidade que escorregou entre os dedos. A dor do fechamento é real, não há como negá-la. É natural lamentar o que se perdeu, é parte do processo humano de lidar com a mudança. Mas o ponto crucial é: até quando permitiremos que esse luto nos cegue?

Bell nos provoca a refletir sobre a paralisia da lamentação. Enquanto estamos ali, presos na melancolia da porta fechada, uma, talvez várias, portas novas se abrem. Elas surgem, silenciosamente, oferecendo novas paisagens, novas possibilidades, novos caminhos. Mas nós, com o olhar tão fixo no passado, simplesmente não as vemos. É como estar em um quarto escuro, lamentando a falta de luz, sem perceber que uma fresta se abriu e está derramando um raio de sol bem ao nosso lado.

Essa cegueira voluntária é um dos maiores empecilhos para o nosso crescimento. Ela nos impede de abraçar o novo, de explorar o desconhecido, de nos reinventar. Ficamos presos em um ciclo de "e se...", "poderia ter sido...", "por que não...". E enquanto remoemos essas perguntas sem resposta, a vida continua, e as oportunidades que surgem, por vezes únicas, escorregam por entre nossos dedos desocupados.

É preciso um ato de coragem para desviar o olhar da porta fechada. É preciso fé para acreditar que algo novo e talvez ainda melhor está à espera. É um exercício de desapego, de aceitação e, acima de tudo, de confiança no fluxo da vida. As portas se fecham, sim, mas não para nos aprisionar. Elas se fecham para nos impulsionar para frente, para nos mostrar que o caminho à frente é tão vasto e cheio de potencial quanto o caminho que ficou para trás.

Que possamos aprender a arte de olhar para frente, de perscrutar o horizonte em busca das novas aberturas. Que a dor do fechamento nos ensine, mas não nos detenha. Porque, no fim das contas, a vida é uma coleção de portas, e cada uma que se fecha é apenas um convite para descobrir um novo cômodo, uma nova paisagem, uma nova versão de nós mesmos.

Você já se pegou preso olhando para uma "porta fechada" por tempo demais?

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