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domingo, 29 de junho de 2025

🏳️A Paz Depois do Barulho

A juventude, com seus fogos de artifício internos, nos ensina a correr atrás da felicidade como quem persegue uma estrela cadente: com os olhos cheios de brilho e o coração pulsando na garganta. Queremos intensidade, histórias para contar, fotos para guardar, lembranças que nos arrepiem só de lembrar. É bonito. É necessário. Mas também é barulhento.

A certa altura, no entanto, as prioridades mudam de tom. Não é mais o riso escancarado que buscamos, mas o silêncio acolhedor. Não são as emoções em alta voltagem, mas os momentos em que a alma se aquieta e o corpo respira devagar. Descobrimos, enfim, que a paz não é ausência de emoção — é a presença de um sentimento tranquilo, quase sagrado, que sussurra: “está tudo bem”.

Talvez seja por isso que muitos passam a se contentar com manhãs silenciosas, cafés tomados com calma, conversas sem urgência, afetos que não precisam provar nada. A paz não tem a vaidade da felicidade. Ela não se exibe, não chama atenção. Mas quando chega, tudo ao redor se ajeita.

Há quem diga que isso é se conformar. Eu prefiro pensar que é maturidade: entender que o coração não precisa viver em festa para estar cheio. Que a profundidade mora no simples, e que o que antes era “só paz” agora é o bastante — e mais do que isso, é desejado.

No fim das contas, talvez seja essa a maior das felicidades: viver em paz com quem somos, com o que temos, com quem escolhemos caminhar. Porque, de verdade, o barulho cansa. E só quem já correu muito atrás da felicidade sabe o quanto é libertador sentar-se em silêncio, ouvir a si mesmo e finalmente dizer: “eu estou em paz”.

E isso… ah, isso é felicidade das mais profundas.

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