A frase — “Depressão: excesso de passado. Estresse: excesso de presente. Ansiedade: excesso de futuro.” — embora simplificada, toca um ponto crucial da vida contemporânea: o desequilíbrio no tempo da mente.
Vivemos atravessados por excessos — e não se trata de intensidade emocional, mas de descompasso entre o que vivemos e como lidamos com isso. Cada uma dessas condições psicológicas reflete, de alguma forma, uma dificuldade em habitar plenamente o agora.
A depressão surge muitas vezes como um aprisionamento no que já foi. Traumas, perdas, frustrações, culpas não elaboradas. O passado torna-se um quarto escuro, e o indivíduo, sem conseguir sair dali, perde a vitalidade do presente. Fica preso a uma narrativa interna de dor que não se renova.
O estresse, por sua vez, é a sobrecarga do agora. Uma hiperconexão, um excesso de tarefas, de cobranças, de estímulos. É o corpo vivendo em estado de urgência, como se tudo fosse prioridade e nada pudesse esperar. Nesse ritmo frenético, o presente se torna insuportável — não por si só, mas pela forma como é vivido: sem pausas, sem respiração, sem margem para o erro.
A ansiedade, por fim, projeta o medo no futuro. É a mente antecipando tudo que pode dar errado, tentando controlar o que ainda nem aconteceu. É a antecipação paralisante, o peso de um amanhã que ainda não chegou, mas que já sufoca.
Essa tríade revela o quanto estamos desconectados da nossa temporalidade emocional. A mente acelerada, o coração exausto, o corpo adoecido. Tentamos viver tudo ao mesmo tempo — e acabamos não vivendo nada de forma inteira.
A reflexão que fica é:
Como reencontrar o eixo?
Como fazer as pazes com o passado, aliviar o peso do presente e não temer tanto o futuro?
Não se trata de negar nenhum tempo, mas de aprender a habitá-los com consciência.
A cura, muitas vezes, está em equilibrar o relógio interno.
Porque viver é um ato de presença.
E presença é tudo o que o excesso rouba.
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