Albert Camus, sempre tão atento à condição humana, oferece nesta frase uma esperança serena e profunda: “Vai chegar o momento em que, apesar das dores, vamos nos sentir leves, alegres e verdadeiros.”
E talvez o que mais comova nessa afirmação não seja a promessa da leveza — mas o reconhecimento honesto da dor.
Vivemos tentando evitar o sofrimento a qualquer custo. Anestesiamos emoções, corremos atrás de distrações, nos cercamos de urgências para não encarar o que dói. Mas a dor é uma etapa inevitável da existência. Ela não nos define, mas nos transforma. E Camus, filósofo do absurdo e da lucidez, sabia que atravessá-la — e não negá-la — é o caminho para algo mais essencial: o reencontro com a própria verdade.
A leveza de que ele fala não é ausência de feridas, mas presença de aceitação. Não é a alegria eufórica que mascara o vazio, mas aquela que brota silenciosa após o caos, como um alívio de ser quem se é, sem tantas armaduras.
E ser verdadeiro… esse é o ponto mais difícil e mais libertador. Porque a verdade, muitas vezes, só aparece quando já não temos mais forças para fingir. Quando cansamos de tentar agradar, de corresponder, de esconder. Quando entendemos que ser inteiro é mais valioso do que ser perfeito.
A crítica que essa frase propõe à nossa pressa de felicidade é sutil, mas poderosa: não se trata de esperar por um tempo em que tudo estará bem. Trata-se de confiar que, mesmo no meio das dores, existe um lugar de paz — onde podemos sorrir sem medo, existir com leveza e nos reconhecer sem filtros.
Esse momento chegará. Mas não porque a vida será fácil. Ele chegará porque, finalmente, estaremos prontos para vivê-la com verdade.
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