Às vezes a gente sente um vazio sem nome. Não é tristeza, nem saudade, nem cansaço. É só um espaço dentro da gente que parece não se preencher com nada. E aí a gente tenta… Tenta preencher com vozes, com distrações, com gente que não fica. Mas continua ali — um silêncio morando bem no meio do peito.
Foi num desses dias que me dei conta: talvez o que me faltava não era algo a mais, e sim algo de verdade. Porque há coisas que ocupam muito espaço, mas são só isso — volume. E há outras que chegam pequenas, mas carregam o mundo.
A gente se acostuma a querer tudo. A achar que felicidade é ter tudo resolvido, tudo pleno, tudo cheio. Mas a verdade é que a vida se faz também de metades — e não tem problema. Metade de coragem já é suficiente pra dar o primeiro passo. Metade de amor já é chama acesa. Metade de fé já move um coração cansado.
E tem dias em que você é só um pedaço — um pedaço de riso, um pedaço de força, um pedaço de calma tentando sobreviver ao barulho. Mas até nesses pedaços, você é inteiro. Porque mesmo partido, você carrega tudo o que importa: a vontade de seguir, a esperança que não dorme, o amor que ainda insiste.
No fim, talvez sejamos todos assim:
Metade de nada,
mas pedaço de tudo que vale.
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