Com o tempo, tudo muda —
mas não é o mundo que gira mais rápido,
somos nós que começamos a ver com olhos mais limpos,
a sentir com menos medo.
Desapegamos de medos antigos,
de verdades herdadas que nunca nos vestiram bem.
Deixamos de implorar aceitação
a quem mal sabia nos enxergar.
E aprendemos, sem raiva,
a escolher a nós mesmos —
com firmeza mansa e alma leve.
Com o tempo, caem as máscaras dos que chamávamos de amigos.
E percebemos:
nem toda companhia é abrigo,
nem todo “fica” é por amor.
Alguns ficam por hábito,
outros por interesse.
Mas a vida, com sua sabedoria afiada,
vai tirando de cena quem já não cabe no nosso palco.
Com o tempo, trocamos o barulho da pressa
pelo silêncio que cura.
Descobrimos encanto na rotina calma,
na leitura de um bom livro,
no afeto que se dá sem alarde,
no abraço que entende mais do que julga.
Deixamos de viver para os olhos alheios
e começamos, finalmente,
a habitar o nosso próprio coração.
E é lá — nesse canto quieto onde aprendemos a estar —
que mora uma felicidade discreta,
daquelas que não grita no palco,
mas sussurra entre as cortinas da alma:
Agora sim, é você por inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário