Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida. - Platão
A vida tem esse estranho talento de nos distrair com o que não importa. Corremos, acumulamos, competimos, preocupamo-nos com coisas pequenas, como se houvesse um troféu a ser ganho por quem chega mais cansado ao final do dia. E, no entanto, basta um susto — um diagnóstico, uma perda, um tropeço no caminho — para tudo aquilo que parecia urgente se mostrar irrelevante.
Platão, há tantos séculos, já nos alertava: não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida. Mas a verdade é que, muitas vezes, só entendemos essa frase quando o chão se parte sob nossos pés.
Por que será que precisamos da ausência para perceber o valor da presença? Por que só depois do silêncio percebemos o quanto aquela voz nos fazia bem? Talvez porque vivemos como se o tempo fosse uma moeda infinita, distribuída diariamente, sem falhas, sem fim. Até que um dia ele falha. E aí tudo muda.
A crise, quando chega, é como uma faxina involuntária. Joga fora o supérfluo, arranca o excesso e nos deixa com o essencial: os afetos, a saúde, a paz interior, o tempo com quem amamos. Coisas que nunca deveríamos ter deixado de lado. Coisas que estavam ali o tempo todo, esperando que as víssemos.
Por isso, hoje, enquanto ainda há tempo e tudo está em seu lugar — antes que a vida nos imponha sua dura pedagogia — talvez seja hora de olhar em volta e perguntar: o que é, de fato, importante para mim? E mais: tenho vivido de acordo com isso?
Porque, no fim das contas, a verdadeira crise é viver uma vida inteira sem nunca ter se feito essa pergunta.
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