Muitas vezes idealizamos o amor como um voo: leve, sublime, quase inalcançável. Pensamos nele como algo que nos tira do chão, que nos eleva, que nos livra do peso da realidade. Mas essa visão, embora poética, é também perigosa — porque ignora a parte mais verdadeira do amor: aquela que acontece com os pés no chão.
O amor não é só céu. É também terra firme. É presença, toque, escuta, renúncia, pausa. É coragem de permanecer quando seria mais fácil fugir. Amar é, muitas vezes, um ato profundamente cotidiano — e é justamente aí que reside sua grandeza.
A beleza do amor não está apenas na intensidade dos sentimentos, mas na delicadeza de sustentá-los ao longo do tempo. Amar é saber que leveza e profundidade podem coexistir. É dançar entre o céu e a terra sem perder o equilíbrio.
O amor que idealiza demais se torna inalcançável.
O amor que não sustenta o dia a dia, se desfaz.
Amar de verdade é aceitar a complexidade do afeto: sua força silenciosa, sua capacidade de escrever histórias, de acolher dores, de romper muros invisíveis.
Amor não é só poesia. É construção. É caminho trilhado com afeto, entrega e responsabilidade.
É feito de gestos pequenos e escolhas diárias que não brilham nos contos de fadas, mas sustentam vidas reais.
É hora de deixar de esperar que o amor nos salve do mundo — e perceber que ele é, na verdade, o que nos ancora nele.
Porque amar é encontrar, entre o céu e o chão, o lugar exato onde o coração pode, enfim, descansar.
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