sábado, 21 de junho de 2025

💬Por um triz é o futuro: Uma crítica reflexiva

Clarice Lispector, com sua costumeira precisão poética, nos entrega uma frase que é quase um sussurro existencial: “Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro.” E, ainda assim, nela cabe um abismo.

Vivemos um tempo onde tudo é urgente. O agora escorre pelas mãos, acelerado por notificações, decisões imediatas e uma ansiedade quase crônica de estar em dia com o que está por vir. E no meio disso, esquecemos que o presente não é apenas o intervalo entre o ontem e o amanhã — ele é, de fato, a única matéria-prima do futuro.

Clarice nos alerta: a vida está escancaradamente presente. Está aqui, hoje, com seus riscos, possibilidades e respiros breves. E o que virá? Está por um triz. Por uma escolha. Por uma pausa. Por um olhar mais demorado. Por um gesto. O futuro não é distante — ele é o segundo seguinte ao que fazemos com esse instante.

Essa frase é, ao mesmo tempo, advertência e esperança. Advertência, porque nos lembra de que o tempo não espera por ninguém. Esperança, porque se é por um triz, então ele está ao nosso alcance.

Em um mundo onde quase tudo parece estar fora de controle, reconhecer que por um triz é o futuro é resgatar o protagonismo do agora. É afirmar que, mesmo com incertezas, o instante presente ainda tem voz, poder e direção. E isso é tudo o que precisamos para seguir.

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