Tem dias em que a vontade de devolver na mesma moeda bate forte. Não vou mentir. Porque tem gente que passa dos limites, que fere, que trai, que mente sem sequer enrubescer. Dá uma vontade danada de responder com a mesma frieza, com o mesmo descaso. Uma parte da gente quer mostrar que também sabe jogar esse jogo duro da indiferença. Que também sabe ferir.
Mas aí, no meio da raiva e da decepção, lembro de uma frase que, não sei de onde veio, mas mora aqui dentro há tempos:
“Não se torne aquilo que te feriu.”
E é aí que respiro fundo.
Porque é fácil deixar o rancor moldar a gente. Fácil endurecer o coração depois de tantas pancadas. Difícil mesmo é seguir leve. Ser firme sem perder a ternura. Continuar sendo quem a gente é, apesar dos pesares.
Já entendi que o mal que me fazem não pode definir meu caráter. Que a falta de respeito alheia não me obriga a descer ao mesmo nível. Se a vida fosse uma conta de débito e crédito de atitudes, talvez tudo fizesse sentido. Mas não é assim que eu quero viver. Prefiro não devolver. Prefiro não carregar o peso que não é meu.
Deixo como está.
Não por covardia. Mas por escolha.
Porque aprendi que quem responde com a mesma moeda, muitas vezes, se torna um reflexo do que detesta. E isso, pra mim, é o pior dos prejuízos.
Sigo em frente com o bolso vazio de vingança e o coração cheio de paz.
E que cada um arque com a moeda que ofereceu ao mundo.
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